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Redução da Maioridade Penal

reportagens independentes vs. mídia tradicional

 

Por que mídia independente?

No texto, o Estadão nos apresenta vários dados, que compõem os dois lados: o de quem é a favor, e o de quem é contra a aprovação da medida. 

Apesar de isso ser importante, sabemos que dados e estatísticas desumanizam as pautas, e na maioria das vezes não mobilizam a sociedade.

Um dos benefícios da mídia indepentente está justamente na humanização da cobertura. 

Ao invés de trazer uma numeralha para o leitor, os Jornalistas Livres escreveram um texto em que  problematizam a questão da redução no caso de meninas. Sabemos que o sistema prisional brasileirto trata mal as mulheres, e não é adaptado às necessidades básicas delas - que são biologicamente diferentes. 

Com o falso discurso de imparcialidade, a mídia tradicional, muitas vezes, trata casos importantes como a redução da maioridade penal — afinal, estamos discutindo a privação da liberdade de indivíduos — com descaso. Esse foi o caso do Estadão, principalmente no que diz respeito ao vídeo publicado na matéria.  

O repórter fala em tom alegre — sim, com entusiasmo e ânimo — sobre a medida, retrata os menores infratores com uma criança branca, vestindo roupa similar as que vemos em novelas de imigrantes italianos e jogando uma pedra em uma janela. O texto por trás da imagem é: “os que são a favor afirmam que jovens cometem crimes com a certeza de que não serão punidos. ” Já a Agência Pública, embora tenha um posicionamento muito mais ligado aos direitos humanos do que a Folha, trouxe relatos dos próprios menores infratores contando sobre os crimes que cometeram — um deles, no abre da reportagem, Jogados aos leões. Entretanto, não deixou de problematizar as causas que levam crianças e adolescentes a agirem de tal forma e o que as medidas paliativas para às consequências desses atos estão resultando — e resultariam com maior intensidade, com a aprovação da lei.

Quando vai mostrar o “outro lado”, ou seja, quem é contra a redução, o veículo defende que a medida iria expor os jovens a um sistema falido (o prisional) — mesma justificativa de vários dos deputados que aprovaram o projeto. Afinal, nada mais óbvio alguém que recebe financiamento de gestores de penitenciárias privadas e empresas de segurança pública defender que o governo não tem mais verba para isso e é preciso privatizar as cadeias, certo? É exatamente isso que a Pública explica, em detalhes, ao tratar dos interesses dos políticos por trás de seus votos.

Para concluir, o Estadão explica o projeto com imagens de jovens infratores na Fundação Casa, estudando com livro novo e em uma sala com paredes pintadas e coloridas. Enquanto isso, a Pública conversou com defensores públicos que visitam casas de jovens infratores e com as pessoas que já passaram por lá para saber o que de fato acontece. Ao que parece, a grande mídia vem esquecendo de falar com a fonte principal: a quem destina-se a medida.

A Ponte Jornalismo, por sua vez, problematiza a redução da maioridade penal num termo mais amplo e reflexivo, tendo como base o projeto “Sobre Crimes e Castigos”. Nele, há um depoimento do tenente-coronel da PM aposentado e mestre em Direitos Humanos Adilson Paes de Souza, que defende que o principal problema da redução se encaixa na política da sociedade atual de buscar inimigos.

Enquanto a proposta de redução da maioridade penal era votada e o assunto teve de ser debatido pela mídia, os veículos tradicionais se preocuparam e evidenciaram a questão da segurança pública, contribuindo, de certa forma, para a reafirmação de estereótipos.

O Mídia Ninja colaborou para o debate partindo de um outro ponto de vista: o dos jovens em questão. Retratar o cotidiano deles e o ambiente em que vive, propõe uma reflexão acerca de uma realidade não abordada por outros veículos.

 

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